quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Shèngdàn jié kuàilè! 圣诞节快乐

Natal na China pode ser uma grande festa. Tem Papai Noel de chocolate, árvore de Natal montada de cabeça pra baixo. Me perguntaram o que comemoramos no Natal. Respondi que era o nascimento de Jesus. "Ah, o filho do Papai Noel?", completou o curioso.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Fazendo as pazes.

OK, estava brava com a China. Atire o primeiro palitinho o expatriado que nunca pensou em largar tudo isto aqui, mandar pro xing xing ling que o pariu e sair correndo! Duvide-o-dó. Acontece. Isto aqui não é para amadores. OK, hao.... Já estou de bem com a China de novo, ... por enquanto, hehehe!

domingo, 16 de novembro de 2014

Descompasso civilizatório.

Um dos estereótipos que tinha sobre a China se esvaiu rapidinho depois de apenas algumas semanas aqui. Sabe aquela imagem do sábio mestre kung fu que prega o cultivo da paciência e que chama o discípulo de gafanhoto, tipo o mestre Splinter das Tartarugas Ninjas ou aquele outro do Kung Fu Panda, o Shifu, que quer dizer mestre mesmo. Ah, sabe por que são todos ratos? Porque o rato é tido como símbolo de sabedoria na cultura popular chinesa. Bom, este estereótipo foi por terra porque chineses não têm nada de compenetrados, pacientes ou quietos no trato coletivo. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Beijing ou Pequim?


Logo numa das primeiras voltas para o Brasil, lá fui eu bem exibida na lojinha de doces do chinês perto de casa pra comprar aquelas porcarias industrializadas: pé-de-moleque, maria-mole, geléia de mocotó branca e rosa, etc. Ah, mas deixa eu explicar o consumo irresponsável antes que me julguem mal: eram para contrabandear de volta pra China pra eu não ter que fazer brigadeiro e bolo de fubá pra levar pra escola das crianças no maldito Dia Internacional.  Este dia é quando as mães prendadas fazem quitutes deliciosos de seu país de origem, montam barraquinhas no pátio da escola e acontece uma grande confraternização. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Uma chinesinha bem igualzinho a tantas brasileirinhas.

WÁNG CUÌ – SUZI

 
Minha querida Suzi

Wang Cui (pronuncia-se uán tsuei) é miúda, fala baixinho com voz fininha e dá risadinhas encabuladas com a mão cobrindo parte da boca. Como muitos chineses que lidam com estrangeiros, acabou adotando um nome ocidental. Foi uma cliente italiana, uma das suas primeiras, que olhou bem para ela e disse: Suzi. Ela afirma que gostou porque era fácil de pronunciar além de ser curto. "Suzi, que seja!" Pensou. E Wang (nome de família) Cui (seu primeiro nome) virou apenas Suzi em Pequim, capital da China.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Fura-bolo, mata-piolho.

Todo mundo sabe que gestos feitos com as mãos nem sempre querem dizer a mesma coisa em lugares diferentes. O clássico no Brasil é o sinal de OK dos americanos que para nós quer dizer uma coisa nada OK. Até coisas simples podem gerar confusão quando a gente desconhece certos símbolos. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Chinesice que assusta.

Hoje quero falar da China que assusta. Minha inspiração: pela enésima vez vejo a CNN ou a BBC saírem do ar ao reportarem assuntos que são proibidos pelo governo central. É preciso esclarecer que TV a cabo é, em tese, ilegal na China, desta forma eu nem tenho como reclamar das interrupções na transmissão. Apenas condomínios e hotéis que recebem estrangeiros podem veicular alguns canais a cabo meio que por baixo dos panos, como é o caso daqui de casa. Cidadãos locais não têm acesso aos canais a cabo e eu apenas publico este blog porque pago por uma VPN privada (a qual tenho quase certeza que também é monitorada e que às vezes me deixa na mão) porque o Google não abre aqui. Então, assusta!!! 

sábado, 27 de setembro de 2014

Pode entrar com o pé esquerdo, mas não divida a sua pêra!

Você sabia que o mandarim é uma língua tonal? Dependendo da entonação que se coloca nos sons o sentido da palavra muda totalmente. Complicado. Mais ou menos assim: imagina que você vai dizer "ai" em português. Diga "ai" como num suspiro..... o "ai" vai sair esticado, né? Agora diga o "ai" como uma reação a ter espetado o dedo. Vai ser um "ai" curto e rápido. Desta vez seu "ai" vai ser aquele da mãe reprovando a ação da criança, "ai, ai, ai". Viu que foi um outro tom? Bem, seria um pouco assim em mandarim, mas só que são quatro tons diferentes e mais um neutro. Para nossos ouvidos destreinados tudo soa a mesma coisa. Discernir um tom do outro é uma das coisas mais difíceis para os estrangeiros que querem aprender mandarim. E no entanto, sua vida pode depender desta habilidade impossível, pois um tom errado pode arruinar seu emprego, fazer você comer o que não pediu ou mesmo acabar com seu namoro!  


domingo, 21 de setembro de 2014

O moderno e o kitsch.

Obra de arte no shopping- é um fusca de verdade!
Puxa vida, acho que no último post não deixei a melhor das impressões sobre o estilo dos chineses, sobre classe e elegância. 

Para me redimir vou falar de uma outra China que pouca gente imagina que exista. É uma China rica sim, mas de classe, high tech e "artsy", cheia de bossa. 

Claro que há exageros de consumo e uma busca de distinção e diferenciação que se mostra de variadas maneiras, como nos carros do último post. 


No entanto, muitas pessoas se impressionam quando chegam aqui e se deparam com arranha-céus modernísimos e com a qualidade dos produtos e serviços que nem sequer sonhavam ser possíveis.


domingo, 14 de setembro de 2014

Meu carro é fucsia com oncinha, não uso espelho pra me pentear...


Tudo bem que os chineses estão mais ricos. Mas, bem mais ricos mesmo. Num lugar onde todo mundo já se parece (desculpa esta aí amigos orientais, brincadeira) e onde o comunismo maoísta reinou por tanto tempo obrigando toda a população a se vestir com o mesmo modelito de terninho que variava apenas em  três cores super sóbrias, poder se diferenciar dos outros hoje em dia é a glória. E gloriosas são as escolhas de como se diferenciar. Há tanta ostentação que Luís XV ia ficar fucsia de inveja. 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Sai um espetinho de escorpião no capricho!

Ni hao pessoal. 

Voltar para Pequim depois de tanto tempo girando por outros cantos do mundo foi um misto de sensações. Um pouco como voltar pra casa, pros cheiros, cores e lugares familiares que trazem conforto pra alma, mas também um pouco de estranhamento aos mesmos cheiros, cores e lugares que trazem inquietações ao espírito. Talvez seja esta a sina da vida de expatriado, às vezes se sentir como um ET em nosso próprio país e às vezes tão à vontade na terra dos outros que chega a dar saudades.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Grande chinesice: xiu xi (descanso)!


Pessoal, chegou a hora de adotar umas das minhas chinesices favoritas: um bom e merecido xiuxi, ou como podemos dizer também, descanso, paradinha, break!

O Cloisonné Tradicional

Vaso cloisonné
Aqui, um pouco de cultura e arte tradicional para quem aprecia.


Os utensílios em Cloisonné foram introduzidos na China durante a Dinastia Yuan (1280 – 1368 AC) e ficaram mais populares durante a Dinastia Ming (1450 – 1457 AC). A técnica também é conhecida como "esmalte sobre arame em corpo de cobre". Hoje em dia é largamente utilizada em objetos decorativos, principalmente vasos que são feitos à mão, finamente acabados e bastante caros. 

A seguir o que aprendi numa visita à uma fábrica em Pequim. 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

"Jia You, BaXi!" Vamos lá, Brasil!

Botequinho decorado para receber seus clientes para festa da Copa - Pequim.
Ai ai ai.....daqui de cabeça pra baixo é tão difícil captar qual o ânimo e o clima de Copa do Mundo no Brasil. Com o meu país ganhando uma visibilidade absurda neste momento eu fico nervosa. Será que vão mostrar um monte de estereótipos idiotas para o mundo? O que vai ser? Gente festeira, bundas, praia, favela? Tudo isso regado à salsa ou uma dança caribenha qualquer e gente pobre, mas feliz da vida pulando carnaval - o ano inteiro - pelas ruas esburacadas com vista para o mar? 

terça-feira, 3 de junho de 2014

"Nós" primeiro, "eu" depois.

Em "nosso mundo" os direitos do indivíduo são uma pedra angular da formação do pensamento e dos nossos valores. Temos o direito de ser e fazer, de nos manifestar ao mundo como seres autônomos, com vontades  e desejos próprios que devem ser respeitados por todos os outros indivíduos. Cada um se enxerga no mundo como um ser inteiro com autonomia própria e, pelo menos em tese,  o principal responsável por suas escolhas. 
 
A percepção do próprio "eu" (self awareness) entre ocidentais - azul- e orientais - vermelho

domingo, 25 de maio de 2014

Domingo no Parque.

Medo!!!!
 Final de semana nos parques espalhados pela China é sempre divertido. Há crianças correndo e brincando como na maioria dos lugares do mundo. Há também parques de diversões com brinquedos típicos de parques, mas às vezes  aparecem uns brinquedos com personagens suspeitos com caras esquisitas, meio assustadoras. É, mas nós também gostamos de assustar nossas crianças com caras de palhaço enormes e apavorantes. 

Bom, voltando à China, há grupos praticando tai chi chuan e lutas marciais, outros fazendo coreografias com espadas, bandinhas tocando e senhoras cantando ao microfone com voz esgarniçada que para nossos ouvidos são uma afronta auditiva. Outras se juntam para dançar desde coreografias tradicionais até umas  coisas mais moderninhas. 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Eunucos.

 
 Eunucos existiram em várias épocas e em diferentes lugares. Desde os Sumérios no século XXI AC até os cantores castrati, cujo último representante cantava no coral da Capela Sistina no Vaticano e faleceu em 1922.  Existiram durante o Império Otomano, na Coréia, no Vietnã, na Índia. Suas funções também eram variadas. Na China a prática teve início nos anos 200 AC e perdurou até início do século XX.

O último eunuco vivo da China foi Sun YaoTing. Ele foi castrado pelo pai quando tinha apenas 8 anos. Ironicamente apenas alguns meses antes da queda do último imperador chinês, PuYi, aquele do filme do Bertolucci "O Último Imperador". Em 1988 o diretor Zhang ZhiLing lançou o filme "O Último Eunuco da China" baseado no livro de mesmo nome do autor Jia YingHua sobre a vida de Sun YaoTing.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Feira de Noivos???

Por esta chinesice nem eu esperava! Alguém já ouviu falar em feira de noivos?  Eu já tinha ouvido falar, mas achava que era lenda. Mas não, existe mesmo e com muita frequência. Foi um destes eventos que presenciei em um parque lotado durante um sábado à tarde em Xangai. Na verdade, não se pode chamar de feiras,  porque seria ofensivo, me disseram, não há nada à venda, são chamadas de "xiang qin hui", no inglês a tradução é "blind date". Não gosto muito da tradução para o português que é "encontro às escuras", então vou chamar de feira mesmo! Sem ofensas.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Encontro de aliens.

Comerciantes da etnia Uigur numa feira em Kashgar, XinJiang.


No Brasil temos um jeito muito peculiar de lidar com as diferenças étnicas. Vindo de um povo tão miscigenado como o nosso, dizer que chinês, japonês ou coreano é tudo igual parece só mais uma gracinha. Pois saibam que são bem diferentes entre si. Pasmem, mas existem na China mais de 50 minorias étnicas segundo dados oficias. Lembram dos Uigures, por exemplo?






quarta-feira, 7 de maio de 2014

Para entrar no ritmo.


Para entender melhor a China é preciso esquecer às vezes algumas coisas que pra gente parecem ser tão normais. É preciso fazer um exercício de imaginação ou fazer de conta que acabou de nascer e olhar para as coisas como se nunca tivesse visto aquilo ou pensado naquilo. Daí então procurar enxergar com olhos novos, tentar compreender pela perspectiva de quem viu aquilo desde que nasceu e sempre achou normal. Nada fácil, nada fácil mesmo. A gente tende a ver o mundo com os olhos treinados e a cabeça cheia de conceitos e ideias fixas. Sair desta zona de conforto é bem difícil, é estressante. Mas, é um exercício necessário se não se quer incorrer num erro bobo que infelizmemte acontece com mais frequencia que se pensa que é o de julgar comportamentos a partir dos nossos valores particulares, ou dos da nossa cultura.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Roupa suja se lava em casa, mas se pendura na rua.


Varal de varas de bambu. Será que "varal" vem de vara?


Imagina que você mora num quarto e sala bem apertado. Não tem banheiro dentro de casa e há apenas um pequeno espaço para preparar refeições. Quando precisar fazer as necessidades você tem que ir até o banheiro público que fica a poucos metros de casa. Para tomar um banho você tem que ir à casa de banho do "condomínio". Imaginou? 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Choque inicial ... em 2008

Este texto na verdade foi um email que escrevi para um amigo pouco tempo depois que cheguei em Pequim para morar pela primeira vez. Isto foi em agosto de 2008!!! Resolvi postar porque em muitos aspectos ele mostra  bem um pouco da confusão por que passamos todos os malucos que resolvem vir pra cá viver de "cabeça pra baixo".  Com certeza eu já aprendi qual xampu comprar e não como atum sabor xixi de cabrito (eu inventei o sabor) e devo mesmo confessar que hoje me sinto em casa aqui, mas continuo afirmando que viver na China pode ser tudo, menos um tédio! Então, lá vai, um gostinho de nostalgia.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Vou de taxi

Olha o taxi lá atrás dos chinesinhos. Acho que ficam rindo da nossa cara!
A não ser durante o verão, pelo resto do ano raramente chove em Pequim. Tomara que você não precise pegar um taxi num dia de chuva. Os taxis não param! Já tentaram me dar várias explicações, nenhuma me convenceu. Uns dizem que os motoristas não querem molhar os bancos do carro pegando passageiros encharcados; outros que eles têm medo de dirigir na chuva porque são muito barbeiros; e até quem me responde "mas pra que você quer sair de casa debaixo da chuva?" quando pergunto.


domingo, 20 de abril de 2014

XinJiang - A China da qual você não ouve falar.

Xinjiang, a Região Autônoma Uigur, é a maior região administrativa da China, ocupa 30% do território do país. Mas não parece China, não! Faz fronteira com quase todos os "istão" que existem: Paquistão, Casaquistão, Afeganistão, Tajiquistão, Quirquistão e também com a Rússia, o Tibete e a Mongólia. Xinjiang é cortada pela antiga Rota da Seda que por centenas e centenas de anos foi a principal conexão entre o oriente e o ocidente. Por ela, vários povos deixaram suas marcas. A natureza é estupenda. Às margens da Rodovia de Karokoram - que chega até o Paquistão – há um deserto sem fim rodeado por montanhas de gelo de picos com mais de 7000 m de altitude. Entre elas surgem verdadeiros oásis à beira de lagos imensos perdidos nas alturas. É de tirar o fôlego (literalmente)!
Às margens da Rodovia Karokoram.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Falando chinês.


O chinês é uma das línguas mais faladas do mundo, especialmente entre os chineses, claro. Também pudera, eles são quase 20% da população mundial. Mas, se o chinês não for sua língua materna, então será uma língua muito difícil de aprender. Os chineses sabem disso. Por isso, ficam tão empolgados quando um “narigudo” - maneira “carinhosa” de se referir a um estrangeiro - fala, ou tenta falar em chinês. Não importa quão pequena seja a frase, eles vão aplaudir seu esforço e mesmo que não tenham entendido muito bem o que você quis dizer vão fazer que sim: "Hao, hao!" (bom, bom!). E é mesmo sincero.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

É o amor....

É cada vez mais comum em Pequim ver casais de namorados passeando juntos, de mãos dadas, cheios de amor pra dar. Também notei que estão mais beijoqueiros de uns tempos pra cá. Demonstrar afeto em público ainda não é bem visto por todos. Portanto, é para a juventude uma forma de contravenção social, de demonstrar rebeldia e mostrar que são descolados.  Agora, descolados mesmo são os "qinglu zhuang", ou seja, roupa de namorados! Para demonstrar que se amam e que estão juntos muitos casais se vestem com roupas iguais ou combinando, em versões masculina e feminina, quando saem para passear ou para um evento qualquer.

Olha só este casal de "qinglu zhuang".

terça-feira, 15 de abril de 2014

Antiguidades feitas na hora.

Pegando o gancho da foto do post anterior, vou falar da primeira chinesice que me vem. 

The Great Wall of China at Badaling, 1877, National Archives (London), NA01-88
O monumento mais conhecido da China é a Muralha. Ela começou a ser construída no ano 500 AC. Imaginem o quanto ela é velhinha e o quanto já vivenciou da história longa e conturbada, cheia de altos e baixos, guerras e períodos de paz quase cíclicos que compõem a memória coletiva deste povo. Dá pra imaginar quantas bombas explodiram e quantas vidas se perderam ao longo da Muralha? Houve tempos em que pedras eram tiradas para a construção de casas e do que mais fosse preciso.


Ni hao!

Falar sobre a China é um desafio. Quando perguntam como é a China e como é viver aqui, a primeira coisa que me vem a cabeça é dizer que é muito, muito diferente. Mas, então vem a inevitável pergunta na sequência: diferente como? Ai....céus! Dá até dor de barriga. Por onde começar?